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  • Carmela Dantas Barbosa Tricaud

    Carmela Dantas Barbosa Tricaud

     

    Mineira, goiana, candanga. É assim que se define Carmela Dantas Barbosa Tricaud, que em janeiro de 2015 se mudou para a Bay Area, após sete anos na França. “Nasci em Minas, fui criada em Goiânia e morei 12 anos em Brasília. E minha mãe é paraibana. Também possuo a nacionalidade francesa. Eu não sei dizer de onde sou”, diz essa bióloga de 47 anos casada com um francês e mãe de três filhos.

    Carmela nunca tinha pensado em se mudar para os EUA, mas acabou vindo pra cá devido ao trabalho do marido, funcionário de uma empresa de tecnologia e que sonhava em viver no Vale do Silício. E aqui ela também conseguiu se reinserir no mercado de trabalho, na área em que sempre atuou: pesquisa de novos medicamentos para a cura do câncer.

    Uma de suas dicas para as brasileiras que buscam retomar a carreira nos EUA é “olhar para fora do quadrado”. “Talvez você não encontre um emprego na sua profissão original, mas encontre em áreas relacionadas. E na Bay Area existe todo tipo de empresa, é uma das principais vantagens da região”, diz.

     

    Por que você se mudou para os Estados Unidos?

    Eu nunca tinha pensado em vir para os EUA. A mudança pra cá se deu em função do meu marido. Eu morava na França há sete anos, fazendo pós-doutorado, me casei com um francês, e ele, que trabalha na área de informática, sonhava em vir pro Vale do Silício. Ele começou a trabalhar em uma empresa americana e recebeu a proposta da transferência. Eu estava de licença maternidade, meu filho tinha quatro meses. Avaliei que para mim também seria uma boa oportunidade. Eu trabalho com pesquisa sobre câncer e poderia atuar no setor privado. Chegamos em janeiro de 2015.

    Foi fácil para você se recolocar?

    Eu já cheguei com visto de trabalho, o que sem dúvida foi fundamental. Meu marido veio com o visto L-1 e eu com o L-2, para dependentes, que me deu direito a solicitar a autorização para trabalhar legalmente aqui. Logo fui chamada para fazer algumas entrevistas, mas percebi que não estava preparada. Precisava refazer o meu CV pro mercado daqui. O americano é excelente em marketing pessoal e isso precisava já constar no meu currículo. Eles têm uma maneira extremamente interessante de valorizar o que fizeram, a experiência que possuem, e a gente não sabe fazer igual. Contei com a ajuda de amigos que já estavam aqui pra isso, mas há empresas especializadas que pode valer a pena contatar. Uma delas é a Upwardly Global. Percebi também que nas entrevistas eu tinha que ser mais pró-ativa, perguntar mais sobre a empresa, por exemplo. Mas como estava pensando em ter mais filhos, acabei deixando de lado a busca de emprego. Engravidei de novo e tive um casal de gêmeos. Só voltei a trabalhar quase dois anos depois de chegar nos EUA.

     

    Como você achou o seu atual emprego?

    Na verdade foi meio a empresa que me achou. Eu tinha me candidatado a uma vaga nessa empresa assim que cheguei aqui, mas nem cheguei a ser contatada na ocasião. Tempos depois, eles buscavam alguém com o meu perfil para substituir uma pessoa que sairia de licença maternidade. Foi aí que entraram em contato comigo. O processo de seleção foi muito rápido, eles tinham pressa. Meus filhos gêmeos estavam na época com cinco meses, achei o momento propício para voltar à ativa. Em duas semanas comecei a trabalhar e acabei ficando, estou lá desde novembro de 2016. Trabalho como cientista assistente sênior na farmacêutica Celgene, fazendo ensaios em laboratório para identificar novos medicamentos para tratamento do câncer, área na qual eu já trabalhava desde a época do meu doutorado.

    Você sente algum preconceito ou alguma dificuldade em particular no seu trabalho pelo fato de ser estrangeira?

    Não. No corpo de cientistas da empresa onde eu trabalho há muitos estrangeiros, é uma companhia muito globalizada. Acredito que sempre existe lugar ao sol para quem trabalha direito e gosta do que faz. Mas acho importante ressaltar que casos de preconceito não é algo exclusivo dos EUA. Em quase todos os países há preconceito com relação a um povo específico. Na Alemanha é contra os turcos, na França contra os argelinos, aqui contra os mexicanos. O Brasil mesmo agora está vivendo uma onda de imigração de venezuelanos e já houve quem defendesse o fechamento da fronteira.

    No caso de quem só estudou em faculdades/ universidades do Brasil, nem sempre conhecidas aqui, você acha que é preciso fazer algum curso nos EUA para facilitar a recolocação?

    Todos os meus diplomas são de universidades brasileiras. Mas como optei por fazer ciência, fiz três pós-doutorados na França, onde tive a oportunidade de trabalhar com tecnologia de ponta, o que me preparou para o mercado de trabalho daqui. Mas aqui existe oportunidade de trabalho para todos os níveis de formação. O que eu aconselho é que as pessoas verifiquem a equivalência do seu diploma. Também há empresas especializadas nisso, que fazem a chamada “credential evaluation”, como a World Education Services (WES) ou a North America Educational Group- (NAEG). Se você cursou cinco ou seis anos de graduação no Brasil, aqui poderá ser equivalente a um mestrado. É importante checar.

    Também acho importante manter a cabeça aberta para oportunidades na sua área de atuação, mesmo que em funções diferentes do que você fez anteriormente. Se você se formou em fisioterapia no Brasil, por exemplo, você não poderá trabalhar como fisioterapeuta aqui, mas pode trabalhar em uma empresa que desenvolve próteses. E aqui especificamente na Bay Area há empresas inovadoras em todas as áreas, onde seu conhecimento pode ser útil no desenvolvimento de novos produtos e serviços. Qualidades como capacidade de síntese e organização são extremamente procuradas, além de qualidades pessoais como comprometimento com o trabalho e boas relações com os colegas. Talvez isso seja mais importante para você conseguir uma posição no setor privado do que a origem do seu diploma. Temos que saber olhar fora do quadrado. E outra dica importante: não pode mentir, dizer que possui o diploma de um curso que não concluiu, por exemplo. As empresas daqui checam tudo que colocamos no nosso CV.

    Você morou na França e na Inglaterra antes de vir pra cá. Qual foi a principal diferença para se adaptar a viver nesses países e nos EUA?

    A minha vida era muito diferente quando fui pra Europa e quando vim pra cá, então é difícil comparar. Quando fui pra Europa era solteira, não tinha filhos, minha vida era muito mais simples. Mas o fato é que quando deixamos o nosso país, seja para onde for, perdemos a nossa rede de contatos – em nível pessoal e profissional – que desenvolvemos ao longo da vida. E o maior desafio e reconstruí-la no novo país. Essa rede vale para tudo. Para escolher um médico, achar um encanador de confiança, um bom despachante e também encontrar emprego.

     

    E qual dica você dá para reconstruir essa rede?

    Falar a língua é fundamental. Eu já falava inglês quando cheguei aqui, mas senti a necessidade de aprimorar e me inscrevi num curso gratuito para adultos. Em praticamente toda cidade você pode encontrar um curso gratuito. Aprender a língua local é extremamente importante porque te permite interagir com o maior número de pessoas possível. Para criar uma nova rede social efetiva, não podemos interagir só com brasileiros. Temos que interagir com americanos e outros estrangeiros. Também me ajudou o fato de eu de ser muito comunicativa. Eu realmente converso com todo mundo. Saio na rua pra passear com o cachorro e converso com os vizinhos, os convido para a festa de aniversário dos meus filhos, gosto de cozinhar e receber gente em casa. Quando meu filho mais velho começou a ir pra escola, eu e meu marido também procuramos fazer amizade com os pais das outras crianças. Eu preciso conviver socialmente com outras pessoas. Na França também era assim.

    Você vive fora do Brasil e é casada com um estrangeiro. Como é conviver tão de perto no dia a dia com culturas diferentes?

    É  enriquecedor, mas às vezes também gera dúvidas, inclusive na criação dos filhos. Aqui, por exemplo, os pediatras não aconselham a dar suco de frutas para a criança, porque costuma-se comprar suco pronto e esse suco contém açúcar. Já no Brasil recomenda-se dar suco a partir dos quatro, cinco meses. Na França, nenhuma criança come fruta fresca até completar um ano, só fruta cozida. O que é certo e o que é errado afinal? Eu tive muita sorte de encontrar aqui um ótimo pediatra para os meus filhos que diz o seguinte: “O que é certo para a criança é o que dá paz de espírito para os pais”. Não é maravilhoso isso? E é exatamente o que eu faço. Pego o que acho melhor de cada cultura.

     

  • É primavera, tempo de… praticar o desapego!

    É primavera, tempo de… praticar o desapego!

    Agora que o clima está começando a esquentar, é hora de abrir as janelas, deixar o ar entrar e abraçar um costume americano: o spring cleaning. A tradição de fazer uma faxina completa e profunda na casa no início da primavera tem origem incerta, mas foi adotada nos Estados Unidos há muitas décadas, especialmente nas áreas onde o inverno é muito rigoroso e as casas permanecem fechadas por muito tempo.

    Hoje em dia quase não se usa mais lareira para aquecer a casa e temos aspirador de pó e um arsenal de produtos de limpeza para manter a situação sob controle durante a estação mais fria do ano. Ainda assim, a chegada da primavera continua uma excelente oportunidade para abrir gavetas e armários, avaliar o que realmente precisamos manter e exercitar o desapego daqueles itens que já não cabem na nossa vida.

    Garage sale, bazar entre amigas, rotação de itens entre familiares, doação para instituições. Existem várias formas de fazer circular os objetos, roupas, sapatos, eletrodomésticos, brinquedos, móveis e outras coisas que a gente não quer mais. Mas o que fazer quando os itens já não estão em condições de reaproveitamento? Onde levar? Como descartar?

    Primeiro passo

    Na maioria das cidades da Bay Area, é possível agendar junto à prefeitura, sem custo, o serviço de coleta de itens especiais. O que entra nessa lista, o modo de agendar o serviço e a quantidade de vezes no ano em que cada residência pode solicitá-lo gratuitamente depende da cidade. Confira algumas nos links logo abaixo.

    Outras cidades, já pensando em combinar esforços com a tradição do spring cleaning, permitem que os moradores coloquem, em frente a suas casas, itens especiais (móveis, restos de materiais de construção e de jardinagem, entre outros) para recolhimento pelo serviço de limpeza pública. É o caso de Santa Clara, que este ano realizará o Annual Clean Up entre 30 de abril e 25 de maio. A cada semana, uma região diferente da cidade será atendida. Para checar quando será a vez da sua rua, consulte este mapa.

    Em Daly City, quem quiser se desfazer de equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos de pequeno porte poderá se dirigir ao estacionamento do City Hall no dia 21 de abril. Além de coletores específicos para esses objetos, lá você também vai encontrar equipamentos para triturar documentos, como extratos bancários.

    Outras opções

    Se você não quer esperar para começar seu desapego, tire proveito do recyclestuff.org, um site que localiza áreas de descarte perto da sua casa. Basta digitar o tipo de coisa que você quer descartar, seu cep e o site te dá uma lista de endereços.

    Quem tem itens de vestuário e de cama, mesa e banho para doar ou descartar pode também aproveitar a campanha da H&M para diminuir o desperdício na indústria têxtil. Com a doação de peças em qualquer estado nas lojas da marca, você recebe um cupom de 15% de desconto na sua próxima compra. A Best Buy também recebe celulares, computadores, vídeogames, CDs, DVDs, cartuchos de impressora, baterias recarregáveis e muitos outros produtos que podem ser conferidos nesta lista. Cada loja da rede tem um quiosque de reciclagem

    Doações

    Encontrar um novo dono para aqueles itens que ainda não encerraram seu ciclo de vida é uma ótima opção. Instituições como Salvation Army, Hope e Good Will recebem doações durante todo o ano. Algumas delas oferecem também a possibilidade de agendar a coleta de itens maiores.

    Outra alternativa é o FreeCycle [https://www.freecycle.org/], uma network de doações entre pessoas da mesma cidade ou bairro. Você digita a sua localidade e o site fornece os links com o que está disponível próximo a você.

    Origens do “spring cleaning”

    Alguns pesquisadores relacionam a origem do Spring Cleaning ao costume iraniado de preparar a casa para o ano novo do calendário Persa, que acontece no primeiro dia da primavera. Outros dizem que a tradição nasceu com os judeus antigos, que limpavam a casa com todo cuidado para o Pessach (palavra hebraica para a semana da Páscoa), que relembra a saída do povo hebreu do Egito.

    Mas seja qual for sua origem, o spring cleaning encontrou uma aplicação muito prática na América do Norte e nos países do norte da Europa, onde o inverno é mais rigoroso. No século 19, antes da criação do aspirador de pó, o final de março – quando começa a esquentar – era geralmente a melhor época para começar a abrir as janelas, arejar a casa e tirar toda a poeira acumulada durante o inverno.

    Serviços de coleta por cidades

    Santa Clara Annual Clean Up 

    Santa Clara

    San Jose

    Sunnyvale

    Palo Alto 

    Daly City

    Mountain View

    Morgan Hill 

    Milpitas

    Los Gatos

    Los Altos

    Cupertino

    Campbell

  • Evento reúne líderes para discutir colaboração da comunidade brasileira no Vale

    Evento reúne líderes para discutir colaboração da comunidade brasileira no Vale

    “Reunir-se é um começo, permanecer juntos é um progresso, e trabalhar juntos é um sucesso.”
    Napoleon Hill, escritor norte-americano

    O BRAVE realizou, na tarde do último domingo (11 de março), na Silicon House (San Jose), o evento “Liderança Feminina na Bay Area e seus desafios”, reunindo 18 instituições e projetos tocados por mulheres brasileiras. O objetivo foi criar um espaço para que esse grupo de líderes pudesse se aproximar e identificar oportunidades de parcerias que ampliem a abrangência e a potência das suas ações.

    “A ideia de reunir toda essa mulherada que faz e acontece na região sempre esteve no nosso radar. E ficamos felizes de proporcionar esse pontapé inicial”, enfatizou a co-fundadora do BRAVE Simone Sarmet.

    Um bate-papo sobre os desafios da colaboração e a criação de valor na comunidade abriu a reunião. Com a mediação da representante do Conselho de Cidadãos Brasileiros de SF, Valéria Sasser, as participantes puderam falar um pouco mais sobre suas iniciativas, compartilhar os desafios que enfrentam e sugerir formas de continuarem trabalhando em conjunto no médio e longo prazos.

    “As conexões vão acontecer naturalmente, a partir do momento em que se saiba com clareza onde cada projeto quer chegar e que tipo de colaboração está buscando. A identificação de uma ação com a outra é, muitas vezes, intuitiva. Os valores comuns vão criar esse fortalecimento”,afirmou a conselheira do BRAVE, Maria Oliveira.

    Arrumando a casa para receber os parceiros

    A segunda parte do encontro mostrou como algumas ferramentas que estão ao alcance de todas nós podem ampliar as potencialidades de cada projeto.

    No workshop “Usando Social Media para criar impacto e conexão com seu público”, a publicitária Lara Monteiro, apresentou uma série de recursos para alavancar a visibilidade dos projetos na internet e o engajamento com o público-alvo. Lara compartilhou experiências que acumulou ao longo dos últimos quatro anos à frente da Joy Ad Agency e mostrou que não é preciso ser expert em comunicação digital para se conectar genuinamente com sua comunidade nas redes sociais.

    “O marketing não precisa ser uma coisa distante e cara. Com os recursos disponíveis hoje – plataformas que fornecem dados sobre atividade dos membros de um grupo, editores simples de texto e imagem, ferramentas que centralizam a gestão de várias redes, entre outros -, o marketing está ao alcance de qualquer pessoa. É preciso identificar a rede que mais fala com seu público e trabalhar nela de forma inteligente. O segredo é planejar”, explicou Lara.

    Planejamento foi também uma palavra central no workshop “Mindset Produtivo: como fazer sua vida caber nas 24 horas de cada dia”, ministrado pela consultora Gabriela Brasil. Autora do livro “Conexão Essencial”, Gabriela falou sobre como tornar nossos esforços mais efetivos por meio da organização e apresentou uma série de ferramentas que podem ser usadas para facilitar nossa jornada em busca do controle da rotina.

    “Por que temos a sensação de que estamos fazendo coisas o tempo todo e, mesmo assim, não conseguimos chegar a lugar nenhum? A resposta é simples: estamos vivendo no tempo dos outros e não de acordo com as nossas prioridades. O mindset produtivo é justamente isso: treinar nossa mente para levar à frente as coisas e projetos que são importantes para nós”, enfatizou Gabriela.

     


    Depoimentos de quem estava lá

    “Uma coisa sobre a qual falamos há muito tempo é a importância de conectar os brasileiros na região da Bay Area. Mas um encontro como este nunca havia sido feito. Achei fantástico, foi um grande primeiro passo. Talvez a gente tenha ainda mais trabalho pela frente, mas certamente esse evento foi perfeito no seu propósito: reunir as lideranças para que caminhem juntas. Acho que vai dar muitos bons frutos para o futuro.”
    Valéria Sasser, Conselho de Cidadãos Brasileiros em San Francisco

    “Muita gente fala que a nossa comunidade não é unida. Mas não é isso que vemos no dia a dia no nosso Grupo. Acredito que temos um potencial grande de ampliar essa união.”
    Luciana Wildt, Brasileiros em San Francisco

    “Temos ações acontecendo em diversas frentes, mas também sabemos que existem muitos brasileiros que ainda precisam ser alcançados. Por isso é tão importante discutirmos como avançar nas nossas iniciativas.”
    Tatiana Dutra e Mello, Projeto Contadores de Histórias


    O evento “Liderança Feminina na Bay Area e seus desafios” contou com o apoio de vários patrocinadores:

    Bacalhau Grill
    BlendLove
    Dr. Carol Pacheco
    Silicon House
    Testarossa Winery

    A todos eles, o nosso muito obrigada!