Fortalecer a divulgação de instituições e projetos fundados ou liderados por brasileiras é um dos nossos principais objetivos aqui no BRAVE. Por isso, estamos lançando a série BRAVEs em Ação, para mostrar iniciativas inspiradoras comandadas por mulheres da nossa comunidade. E começamos com a Casa Arte Brasil, uma fomentadora de negócios vinculados à arte brasileira. Vamos falar sobre a exposição que está sendo planejada em San Francisco, como participar ou apoiar, e apresentar Aretuza Ribeiro, a brasileira por trás dessa empreitada.
O que é a Casa Arte Brasil?
A Casa Arte Brasil é um projeto criado para promover a arte e a cultura brasileira no exterior. A primeira iniciativa será um evento itinerante, que tem como o primeiro destino a cidade de San Francisco, na Califórnia. Através do evento, o projeto visa conectar o público de outros países com a riqueza da arte brasileira com exposições de obras de artistas contemporâneos. Além das formas de expressão artística como pintura, escultura, e artesanato, a Casa Arte Brasil também planeja incluir atividades sensoriais no evento. O projeto também pretende ser uma plataforma de divulgação e impulso para a comercialização da arte brasileira, abrindo portas para artistas emergentes e fortalecendo o movimento artístico do Brasil nos mercados internacionais.
Como você pode se envolver?
O projeto está à procura de artistas em todos os cantos do Brasil. Conhece algum talento incrível que merece reconhecimento? A Casa Arte Brasil quer saber!
Se você é artista, entusiasta da arte ou representa uma empresa que busca apoiar a cultura brasileira, marque e compartilhe seu conteúdo com @casaartebrasil no Instagram para fortalecer o projeto e ficar por dentro das novidades.
Artistas interessados podem se inscrever através de editais que serão publicados no site oficial, onde uma curadora fará a seleção das obras que participarão das exposições. Para aqueles que desejam contribuir de outras formas, o projeto busca patrocínios e parcerias que possam apoiar o desenvolvimento e a expansão desse movimento cultural.
Conheça Aretuza Ribeiro, a BRAVE por trás desse projeto
Aretuza Ribeiro é graduada em Propaganda e Marketing e Design de Interiores, com 25 anos de experiência na criação de campanhas publicitárias e desenvolvimento de estratégias de marketing para grandes empresas no Brasil. Em sua última posição antes de fundar a Casa Arte Brasil, atuou como Assessora Executiva no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), no Rio de Janeiro, onde liderou diversos eventos relacionados à arte e cultura brasileira. Em 2022, após se mudar para San Francisco, Aretuza encontrou inspiração em sua paixão pela arte e decidiu criar a Casa Arte Brasil, com o objetivo de conectar artistas brasileiros ao público internacional. Ao lado de suas parceiras, Aline Ribeiro e Luciana Terra, Aretuza combina sua experiência no setor privado e público para criar uma plataforma que valoriza e promove a arte brasileira além-fronteiras.
E aí, gostaram da nova séria BRAVEs em Ação? Quer indicar um projeto para a próxima matéria? Entre em contato com a gente através do email comunicacao@bravewn.com com o assunto “BRAVES Em Ação” e o nome do projeto.
No dia 5 de setembro tivemos um bate-papo virtual em que duas BRAVEs compartilharam o que elas aprenderam durante suas carreiras nos EUA.
Cada uma de nós está percorrendo um caminho diferente em busca dos nossos objetivos profissionais. Temos muito o que aprender com as experiências umas das outras. Apoiar a carreira das BRAVEs é um dos nossos principais objetivos. Pensando nisso criamos esse evento virtual em que duas profissionais da nossa comunidade contaram como foi fazer a transição de carreira para o mercado de trabalho americano e o que elas estão fazendo para continuar crescendo e se desenvolvendo.
Para participar da nossa comunidade dedicada a profissionais brasileiras vivendo nos EUA, entre no grupo do LinkedIn.
Panelistas
Angela Teodoro
Chief of Staff e Diretora de Marketing de Produto, Angela fez uma bem-sucedida transição de carreira do Direito para o Marketing quando se mudou para os EUA. Além de atuar em empresas como NetApp, eBay e Pure Storage, Angela fundou o BRAVE – uma organização sem fins lucrativos (503c) que apoia mais de 7 mil mulheres brasileiras vivendo nos EUA.
Raissa Kahn
Engenheira de Manufatura com especialização em Engenharia da Qualidade pela Poli-USP, Raissa trabalhou por 23 anos em fábricas do Brasil, Argentina e Estados Unidos tendo a carreira majoritariamente na indústria automotiva. Nos últimos 6 anos, foi responsável pela validação e gerenciamento da qualidade na cadeia de fornecimento de Soft Goods de uma big tech do Silicon Valley. Adepta do Movimento FIRE, se aposentou aos 41 anos e agora está focada em seu projeto mais importante da vida: a família!
Aos 25 anos, Ingrid Munoz reside em Nashville, Tennessee, e tem um currículo profissional que conta com atuações na maior companhia aérea da América Latina e em uma das principais fornecedoras de serviços de saúde dos EUA. Em seu mais novo projeto, ensina inglês a mulheres das periferias do Brasil. No entanto, defini-la apenas pela sua profissão e endereço seria um verdadeiro desperdício de detalhes que inspiram e nos fazem refletir sobre a jornada imigrante. Desde muito jovem, ela coleciona conquistas e desafios dentro e fora do mercado de trabalho. Hoje, vamos conhecer um pouco mais sobre sua trajetória, movida pela vontade de aprender, crescer e retribuir à sua comunidade.
Raízes e Primeiros Passos
Ingrid cresceu no Grajaú, um bairro da zona sul de São Paulo. Apesar de crescer em um ambiente onde cruzar fronteiras, sobretudo internacionais, ainda é algo inimaginável para muitos, Ingrid sempre sonhou em aprender inglês e explorar o mundo. Aos 14 anos, entrou como menor aprendiz na LATAM, maior companhia aérea da América Latina. Foi uma época de muito treinamento e desenvolvimento: “todo mundo falava algum outro idioma além do português e isso me incentivou muito a também aprender outros idiomas, sobretudo o inglês. Minha experiência naquela época foi decisiva para a forma como eu enxergaria o meu futuro”, comenta.
Aos 16 anos, Ingrid tornou-se a funcionária efetivada mais jovem da LATAM a nível mundial. Mesmo vivendo o dia a dia de uma empresa com alcance global, a velocidade com que estava aprendendo inglês não atendia suas expectativas, e então Ingrid começou a procurar experiências mais imersivas para acelerar o seu aprendizado. Ao mesmo tempo que queria se jogar de vez em uma experiência no exterior, não contava com a opção de uma mudança brusca, já que também ajudava em casa e precisava se planejar financeiramente para o intercâmbio.
Aos 18 anos, ela decidiu deixar a LATAM e começou a trabalhar em uma empresa de saúde em meio período para que pudesse, aos poucos, se preparar para uma experiência fora. Entre o trabalho e aulas de inglês, ela conseguiu equilibrar suas responsabilidades e seguir em frente com seu objetivo de crescimento pessoal e profissional. Um ano depois, Ingrid fechou contrato com uma agência de intercâmbio para atuar como au pair nos Estados Unidos.
Aprender inglês foi uma experiência muito desafiadora para Ingrid, especialmente quando era desencorajada por outras pessoas. “Uma professora de inglês me falou que eu nunca ia conseguir aprender inglês, que não era pra mim e isso foi um balde de água fria”, relembra. Determinada, trocou de professora e passou a estudar inglês diariamente, alcançando pequenas conquistas como entender uma série em inglês e textos mais complexos através do contexto e assimilação.
Durante o processo de se tornar au pair, Ingrid passou por várias entrevistas frustrantes e cancelamentos de contratos por conta da pandemia. Eventualmente, encontrou uma família na Pensilvânia com quem se identificou; um alivio em meio de tantas frustrações: “Quando consegui fechar o contrato com essa familia, em que os dois eram médicos e negros, me senti representada e pensei que tudo acontece da forma que tem que acontecer – e também me motivou pois estava diante de um ótimo exemplo que podemos chegar aonde quisermos, independente de onde viemos ou da nossa cor”, comenta Ingrid.
Adaptação
O período exato da mudança, a caminho do aeroporto, é uma virada de chave para muitas brasileiras imigrantes e com Ingrid não foi diferente. Ao se despedir da família no aeroporto, pensou em todas as dificuldades enfrentadas por sua família e como sua mãe sempre foi exemplo de resiliência. Além disso, como uma mulher preta da periferia, Ingrid sabia que poucas como ela já tiveram ou terão a oportunidade de viajar de avião, e pouquíssimas terão a oportunidade e possibilidade de mudar de país.
Ingrid em família: irmã, esposo e mãe
Para tornar sua aventura ainda mais cheia de adrenalina, suas malas foram extraviadas durante a conexão e ela teve que chegar aos Estados Unidos tendo que se comunicar para resolver a questão das malas, explicando o que tinha dentro delas e utilizando termos que ainda não dominava na nova língua. Entretanto, Ingrid havia estudado intensivamente para poder interagir com as crianças e agir em emergências, como ligar para a polícia ou pedir comida.
Com a primeira família, ela passou três meses. Além de todo o choque cultural, Ingrid afirma ter sofrido com o “complexo de vira-lata”, duvidando se merecia estar ali e sempre questionando se conseguiria falar inglês de forma suficiente. A falta de autoconfiança a paralisou, sentindo-se frustrada e temerosa em pedir um rematch ou completar passos importantes na vida da imigrante como tirar a carteira de motorista.
Um desafio muito comum na jornada da imigrante brasileira também é lidar com uma visão extremamente estereotipada e deturpada da realidade brasileira. No caso de Ingrid, alguns questionamentos ficavam ainda mais claros que pessoas à sua volta não sabiam nem faziam a mínima questão de pesquisar por alto sobre o Brasil.
Mudanças: rumo a novos desafios
Após atuar como au pair na Pensilvânia durante três meses, ela se conectou com uma nova família e embarcou rumo a Las Vegas. Ao chegar, o host dad elogiou seu inglês, dizendo que era muito bom porque conseguiam se comunicar – e essa é uma lembrança que Ingrid carrega até hoje, por ter a incentivado a continuar sua jornada nos Estados Unidos. No entanto, após três meses, a família saiu do programa devido a situações financeiras e durante esse mesmo período Ingrid começou a namorar seu atual marido. Após alguns meses de namoro, decidiram se mudar para Dallas, no Texas, grande parte por conta da comunidade brasileira na região e o trabalho de seu esposo o dava flexibilidade de trabalhar remotamente.
Então, em julho de 2022, se mudaram para o Texas. Embora não planejasse ficar nos EUA a longo prazo, viu uma boa oportunidade para crescer profissionalmente e construir uma carreira.
Ingrid e esposo
Crescimento Profissional
Sempre focada na sua independência financeira, logo após a mudança para Dallas, Ingrid conseguiu um emprego em housekeeping em um hotel. “Essa foi uma experiência muito boa, pois tive a oportunidade de trabalhar com outras brasileiras, cada uma com sua história de vida, mas com muitos desafios em comum”.
Foi durante essa época que também teve a realização de que brasileiros são ótimos profissionais que estão em falta com a autoconfiança, sobretudo atuando fora do Brasil. “Em uma visita recente ao Brasil, percebi o tanto de orgulho que minha família tem de mim. Ver minha avó me enxergando com um olhar de admiração me fez questionar o porquê não me via da mesma forma.”
Ingrid e sua família no Brasil
Após a temporada trabalhando no hotel, Ingrid passou por alguns outros empregos e, através de uma comunidade brasileira, conseguiu uma vaga de recepcionista para uma empresa no ramo automotivo, onde foi promovida para assistente do CEO, cargo que lhe rendeu responsabilidades de se comunicar com clientes e parceiros em vários países.
Em setembro de 2023, se mudou para Nashville, e até recentemente atuava na área de serviços de saúde, como Data Entry Specialist. Ingrid conta que, durante o processo de contratação, pela primeira vez, negociou seu salário a partir de uma nova perspectiva, apresentando com fatos como o seu impacto na nova empresa justificaria o salário reajustado.
Ao longo da sua carreira, Ingrid investiu em sua carreira buscando certificações relevantes, como a certificação do Google em Project Management e desenvolveu suas habilidades com foco em aprimorar processos, gerenciar dados e gerir projetos e atividades.
Educação Continuada e Novos Projetos
Ingrid busca educação continuada, aproveitando cursos online, muitos dos quais conseguiu acessar por meio de doações a ONGs. Sua escolha pelo Project Management visa aprofundar sua compreensão dos frameworks e abordagens, enquanto ela se concentra em expandir seu vocabulário para a área administrativa, inclusive através do estudo de cursos em inglês e da prática regular no Duolingo. Ela se compromete com a consistência no uso da linguagem e aproveita recursos gratuitos, como aulas de conversação em bibliotecas e igrejas locais.
Nos próximos passos de sua jornada, Ingrid está se preparando para ingressar na faculdade nos Estados Unidos, estudando disciplinas como Ciências, Matemática e Composição em Inglês, com a ajuda do programa HiSET para equivalência ao ensino médio. Enquanto isso, ela também está cursando Administração online no Brasil, visando especializar-se em Recursos Humanos. “Um dos meus objetivos é ajudar outras mulheres latinas a ingressarem no mercado americano, enfrentando seus medos e barreiras linguísticas”, compartilha.
Ingrid acredita que a mentoria e espaços de troca e apoio mútuo entre mulheres têm grande impacto positivo na jornada de mulheres imigrantes, enfatizando que, ao colaborarem, todas têm a oportunidade de alcançar seus objetivos. Em seu mais novo projeto, ela dedica parte do seu tempo para ensinar inglês a mulheres das periferias do Brasil.
Nas horas vagas, Ingrid adora fazer bolos de festa. O preferido da vez? “Tres Leches”, que sempre marca presença nos eventos familiares que ela participa nos Estados Unidos com o marido, que é americano-mexicano. Além disso, ela valoriza muito o tempo passado ao lado de seu marido e o convívio com as pessoas da comunidade ao seu redor.
Próximos Capítulos: acompanhe Ingrid pelo LinkedIn.