Tag: Maternidade

  • Breve comentário sobre licença maternidade na Bay Area

    Breve comentário sobre licença maternidade na Bay Area

    por Luiza Vidal Ragil

    Um dos meus primeiros desafios durante a gestação do meu filho não foi o sono, os enjoos nem a avalanche de sentimentos. Foi entender na prática como funciona a licença maternidade na Califórnia, mais especificamente em San Francisco. Em torno das 20 semanas de gestação, quase nada era muito concreto, não tinha barriga, não tinha quartinho ainda, mas tinha minha ansiedade em entender como funciona a bendita licença maternidade. É que eu já esperava engravidar, nossa gravidez foi super desejada, então a licença já estava ali no meu radar, eu já tinha ouvido falar muito (na maioria das vezes mal) do assunto.

    Este é um relato da minha experiencia pessoal e não deve ser considerado aconselhamento profissional nem muito menos verdade absoluta. A mensagem que eu realmente gostaria de compartilhar é: procure se informar. Conheça seus direitos e exerça-os, não tenha medo, nem vergonha. 

    Ao longo da minha gestação as perguntas para as quais eu tentava encontrar respostas eram mais ou menos as seguintes: Quais eram as licenças a que eu teria direito? Quanto tempo durariam? Qual a diferença entre essas licenças? Todo o período de licença é remunerado? 

    De início, após oficialmente comunicar a empresa que eu estava gravida, tive uma reunião com uma pessoa representante do time de Recursos Humanos, que me deu uma visão geral sobre as licenças e me tirou algumas dúvidas. 

    Mas, na verdade mesmo, o caminho foi facilitado por amigas e colegas que já tinham passado pela experiencia recente da licença, e me ajudaram e aconselharam e muitas vezes acolheram. E eis aí o que me motivou a escrever este texto: quem sabe eu posso facilitar de alguma forma o caminho de alguma futura mamãe?

    A premissa maior e que é trabalhoso, mas vai valer a pena. Dito isso, vamos lá.

    O estado da California garante dois tipos de licença parental. O primeiro se chama State Disability Insurance (SDI), ou seja, sim, licença por invalidez e se aplica somente a mãe-parturiente. A ideia por detrás dessa licença com esse nome curioso é especificamente cobrir o período pós-parto de recuperação cirúrgica. Nesse sentido, o tempo de duração da licença depende da via de parto. Se o parto for cesárea são oito semanas de licença, se for parto normal, seis semanas. Além disso, a licença pode ter início antes do seu bebê nascer, por volta de 36 semanas de gestação, desde que haja uma justificativa médica para tanto. Essa justificativa médica na minha experiencia não precisa estar relacionada a algum risco, depende muito mais de uma conversa franca com sua médica e da avaliação dela. Se a licença SDI começar antes do nascimento do bebê não prejudica o gozo das seis ou oito semanas após o nascimento.  

    É importante mencionar que a primeira semana da SDI não é remunerada, é chamada de waiting period. Algumas empresas têm políticas internas que cobrem essa falta de remuneração do estado. Após o decurso do waiting period, o estado passa a pagar parcela da sua remuneração e o seu empregador o restante. 

    Não é incomum que os empregadores recorram a seguradoras para cobrir esse período da SDI. Foi o meu caso. Quem estava pagando a parte da empresa do meu salário durante a SDI era uma seguradora, e eu tive que enviar uma serie de documentos diretamente para eles.

    Uma vez que a SDI acaba, de forma razoavelmente simples você migra para a segunda licença, que tem duração de oito semanas e se chama Paid Family Leave (PFL). Como o nome indica, essa licença se aplica à família, o que significa que os pais têm direito a usufruir dela também. E convenhamos que essa uma ótima notícia para nós brasileiras. No Brasil, pais têm direito a licença paternidade de cinco ou no máximo vinte dias, uma legislação completamente obsoleta e injusta. De forma geral, podem beneficiar-se da PFL todas as pessoas com vinculo empregaticio e mesmo quem não estiver empregado mas estiver em busca de emprego. Não possuo maiores informações sobre esta ultima possibilidade (quem esta ativamente procurando por emprego) pois esse não era meu caso.

    Vale mencionar que para fazer jus às licenças, você deve ter contribuindo com o California State Disability Insurance (CASDI) por pelo menos um ano, mas que não precisa ser um ano ininterrupto. Se você tem vínculo empregatício e é empregada em tempo integral é muito provável que esteja contribuindo com o CASDI. No seu contra-cheque ou W2 o CASDI e irá aparecer como uma das deduções do seu salário, junto com o imposto de renda federal, estadual, contribuição previdenciária, etc. Em outras palavras, quem trabalhou por tempo integral por 12 meses, ininterruptos ou não, muito provavelmente terá pago o CASDI.   

    Você também terá a opção de eleger como deseja receber a parcela da sua remuneração que será paga pelo estado da California durante a SDI e a PFL. As opções são cheque, cartão de débito ou depósito em conta corrente. Fato curioso aconteceu comigo: eu optei por receber através de depósito em conta corrente, porém, lá pelas tantas da minha licença, por nenhuma razão aparente chegou um cartão de débito por correio na minha casa e eu passei a receber através de depósito nesse cartão. Para ser bem sincera, naquele momento essa era a última das minhas prioridades então eu só aceitei e passei a usar aquele cartão. E deu certo.

    Um aspecto singular de todo o processo é que é você quem deve percorrer todo o caminho das burocracias para a licença, e não necessariamente seu empregador. O que quero dizer e que você é responsável por se inscrever nos sites do estado da California, especificamente no site do Employment Development Department (EDD) a agência do estado da California que lida com licenças, preencher os formulários, disponibilizar os outros formulários (e são muitos) para a empresa, para a seguradora, para as agencias do governo e para sua médica. Inclusive pós-parto. Mas veja bem, a maioria das pessoas com as quais que você irá tratar do assunto já está acostumada e lida com isso diariamente. Apesar de trabalhoso, isso não deve ser um entrave no seu processo.

    Durante praticamente todo o período de licença maternidade você também terá direito a estabilidade no trabalho, que é garantida por uma outra legislação, a California Family Rights Act (CFRA).

    Finalmente, eu não sabia, mas agora você já sabe, durante o período de licença maternidade você para de contabilizar férias.

    Enfim, espero que esta pequena contribuição não deixe ninguém aflita nem (mais) preocupada. Na verdade, a intenção é o oposto disso. O objetivo é te dizer que o caminho é longo e muitas vezes trabalhoso, por isso tenha paciência, persevere, não tenha vergonha de perguntar, e, contando com uma mão ou ombro amigo, é totalmente possível usufruir da sua licença maternidade remunerada. Como em geral é a regra por aqui, este assunto também é tratado de forma bem pragmática: se você tem o direito, exerça-o e ponto final. 

    E a recompensa virá. A minha chegou no dia 8 de novembro de 2024, bem fofinho, rechonchudo e com muita saúde. 

    Veja aqui alguns links oficiais sobre o assunto:

    Paid Family Leave for Mothers

    Disability Insurance Benefits

    Paid Family Leave

  • Ajudando mulheres a equilibrar maternidade e carreira: Alinne Rosa conta sua história

    Ajudando mulheres a equilibrar maternidade e carreira: Alinne Rosa conta sua história

    Alinne, seu marido Rodrigo e filhos
    Alinne, seu marido Rodrigo e filhos
    Alinne em Miami pela 1ª vez que veio aos Estados Unidos após assumir a posição de VP Americas da RX Global.
    Alinne em Miami pela 1ª vez que veio aos Estados Unidos após assumir a posição de VP Americas da RX Global.

    Maternidade e Mentoria

    Ao longo da sua carreira, Alinne percebeu que muitas mulheres com filhos desistem de suas trajetórias profissionais devido à falta de apoio e acolhimento nas empresas. Sua própria experiência também a fez compreender mais profundamente os medos e inseguranças que muitas mulheres enfrentam, como a ansiedade de não conseguir dar conta de todas as responsabilidades antes da licença ou os desafios do parto.

    Há sete anos, Alinne mentora mulheres que buscam equilibrar o crescimento profissional com as demandas da maternidade. Nos últimos três anos, formalizou esse apoio em parceria com a Giving Birth, uma consultoria argentina, estendendo sua atuação ao Brasil, Argentina e Estados Unidos. Sua mentoria vai desde o planejamento para uma saída bem-sucedida até o retorno ao trabalho. Com conversas estruturadas antes, durante e depois da licença, Alinne ajuda mulheres profissionais a entregarem uma transição de qualidade, definindo quem assumirá suas responsabilidades e como manter a comunicação ativa, preservando uma marca pessoal forte. Além disso, Alinne aborda o período de retorno ao trabalho, apoiando na reorganização da rotina e na valorização de novas habilidades adquiridas na maternidade, como resiliência, flexibilidade e eficiência: “grande parte do sucesso é não querer ser perfeita em todas as frentes e entender que nem sempre você vai estar emocionalmente bem”, reflete Alinne. 

    Nascia uma mãe em 2014, para fortalecer uma profissional realizada em 2022 (trabalhando em um dos maiores eventos da RX Global – NYC)

    Como um plano futuro, Alinne deseja expandir seu trabalho de mentoria, com foco em profissionais de RH de diferentes culturas e contextos de vida. Seu objetivo é promover o crescimento de carreira de maneira inclusiva, incorporando temas de maternidade e paternidade, principalmente com relação a corresponsabilidade de parceiros, para que cada profissional, independentemente do gênero, tenha a chance de construir um plano de carreira sustentável. 

    Próximos Capítulos

    Alinne continua dedicando parte do seu tempo ao voluntariado, oferecendo mentoria para mulheres que estão gestando e querem se preparar para uma retomada de carreira de alto impacto. 

    Continue acompanhando os próximos passos de Alinne através do seu LinkedIn ou entre em contato pelo email alinne.mack@gmail.com. E, claro, não esqueça de seguir o BRAVE no Instagram e no Substack (newsletter) para ficar por dentro das próximas histórias.

  • Da Arte à Maternidade: Giovanna Almeida Conta Sua História

    Da Arte à Maternidade: Giovanna Almeida Conta Sua História

     

    Giovanna e seu filho, Matteo. Foto: Acervo Pessoal.

    Giovanna, natural de Brasília e com passagem por Minas Gerais, atualmente chama Woodbridge Township, Nova Jersey, de lar. Sua trajetória é repleta de histórias que permeiam a fusão cultural de Nova York, dos bastidores do teatro e eventos a desafios corporativos. Hoje, o que começou como uma breve experiência solo de morar um tempo fora se consolidou como uma jornada compartilhada, agora marcada pela maternidade.

    A mudança para os EUA: primeiros passos na cidade que nunca dorme

    Antes de se mudar para os Estados Unidos, Giovanna, com experiência em atuação e produção teatral, trabalhava na Rede Minas, uma TV pública de caráter cultural e educativo. No entanto, em 2013, Giovanna se deparou com uma onda de demissões decorrentes do ajuste de politicas públicas, que resultou na dispensa da maioria dos funcionários para abrir espaço para futuros servidores contratados por meio de concurso público. Diante desse cenário desafiador, ela tomou uma decisão que iria mudar Sua História: aproveitar sua recisão para concretizar o sonho de passar uma temporada em Nova York.

    Ao chegar em NYC em 2014, Giovanna mergulhou na cena teatral, vivenciando de perto ensaios e produções de diversas companhias teatrais locais. Essa fase importante de sua jornada a aproximou de um companhia brasileira chamada Group.BR, a única companhia de teatro brasileiro em Nova York. Foi assim que conheceu a brasileira Debora Balardini, co-fundadora da Group.BR.Debora, que estava em processo de abrir um espaço multicultural e versátil de eventos, convidou Giovanna para conhecer o então chamado Punto Space e trabalhar como produtora do espaço. Essa oportunidade marcou o início do processo de imigração de Giovanna, quando aplicou para o visto de trabalho patrocinado pelo Punto Space.

    Em 2015, o Punto Space abriu suas portas no coração do Distrito Fashion. Ao perceber a necessidade de estabelecer um departamento de marketing, Giovanna liderou a criação, e, ao longo de 4 anos, a coordenação da equipe de marketing do local, desenvolvendo guia de marca, missão, visão, público-alvo, estratégias de mídias social e comunicação. Além disso, colaborou com renomadas empresas como L’Oréal, Netflix e marcas do New York Fashion Week.

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    Desenvolvimento de carreira: uma jornada cultural

    A adaptação ao ambiente de trabalho nos Estados Unidos foi um desafio para Giovanna. Acostumada a um ambiente mais acolhedor no Brasil, ela teve que ajustar-se à estrutura mais específica e segmentada das funções nos Estados Unidos. Superar os questionamentos externos e internos sobre suas habilidades foi um processo gradual, mas Giovanna rapidamente percebeu que suabagagem cultural não era uma limitação, mas sim um valioso recurso.

    No final de 2019, Giovanna ingressou na equipe do Gympass, uma empresa Brasileira com sede nos Estados Unidos. Desde então, ela tem percorrido diversas posições, iniciando na comunicação corporativa, passando pela área de eventos e, finalmente, chegando ao marketing de produto, sua posição atual. Apesar das mudanças de função, um elemento constante em sua trajetória foi a construção orgânica de relacionamentos com propósito e o apoio dedicado aos seus colegas. Além de suas habilidades profissionais, essa qualidade é intrínseca à sua personalidade. “Eu acredito na liderança baseada na empatia. Minha visão é única, mas nunca superior, e sempre preciso do outro. A máxima de que ninguém faz nada sozinho permanece mais atual do que nunca”, enfatiza Giovanna.

    Alegrias e desafios da Maternidade nos EUA

    Nos últimos anos, a maternidade se revelou como uma verdadeira virada de chave na vida de Giovanna, transformando significativamente seu mundo: “Muda tudo”, resume a mãe de Matteo, 2 anos. Apesar das inúmeras alegrias que a maternidade trouxe, Giovanna também se deparou com desafios únicos. A experiência de estar grávida durante a pandemia, afastada da família e amigos próximos, tornou-se uma jornada desafiadora.

    Momento família: Giovanna, Matteo e Alan

    A nova vivência trouxe consigo desafios culturais inéditos para Giovanna, destacando a necessidade de compreender os direitos das gestantes e as leis trabalhistas nos Estados Unidos relacionadas à maternidade. Giovanna compartilha que, nos Estados Unidos, há ainda um longo caminho a percorrer para proporcionar um olhar mais humanizado às mulheres grávidas e mães, abrangendo desde suporte médico até apoio educacional.

    A gravidez durante a pandemia intensificou a sensação de falta de acolhimento, impulsionando Giovanna a buscar apoio profissional por meio da terapia. Essa experiência nos faz refletir a importância de promover uma abordagem mais compreensiva e empática às necessidades das mulheres grávidas e mães.

    Após o nascimento do filho, o trabalho remoto tornou-se um privilégio. Sempre sintonizada com a cultura brasileira, ela considera cada oportunidade de transmitir suas raízes ao filho como uma valiosa herança: “Se eu puder deixar um legado para ele, será a brasilidade, um traço único em sua identidade”.

    Sobre a volta ao ambiente corporativo pós maternidade, Giovana afirma que quer continuar crescendo como mulher profissional e também como mãe.

    Comunidade e Conexões

    Atualmente, Giovanna participa de um grupo de WhatsApp de mães brasileiras em NYC e mantém muitas amizades que construiu na comunidade artística brasileira na cidade. Ela destaca a relevância dessas conexões, sublinhando que viver nos EUA sem acesso a uma comunidade brasileira torna a experiência bastante desafiadora. Sua história é um legado de brasileiridade, equilíbrio e uma busca constante por crescimento, tanto profissional quanto pessoal.

    Próximos capítulos: continue acompanhando a história da Giovanna no LinkedIn e Instagram.

    Até a próxima!