Natural de Itajaí, Santa Catarina, Luana Melnek dos Anjos sempre teve um forte desejo de explorar o mundo, uma curiosidade que vem de sua ancestralidade familiar navegando a complexidade de uma identidade cultural rica, marcada pela ancestralidade indígenas e afrodescendentes de seu pai e judaico-eslavas de sua mãe.
A busca por um entendimento mais profundo de quem realmente era ganhou mais clareza após sua mudança para os Estados Unidos. Essa jornada de autodescoberta transformou sua identidade pessoal e trouxe uma nova perspectiva para seu trabalho na área de astronomia. Com uma abordagem inclusiva e consciente, Luana encontrou formas significativas de conectar ciência e cultura, integrando suas experiências pessoais à prática profissional. Ela foi a primeira brasileira a apresentar shows no planetário do Morrison Planetarium, na California Academy of Sciences, e a primeira estudante de bacharel internacional contratada pela instituição.
Como Tudo (Re)começou
Após quase quatro anos em Recursos Humanos no SESI e em projetos sociais no Brasil, Luana embarcou para os Estados Unidos como Au Pair. Durante a mudança e até hoje, o apoio de sua família no Brasil tem sido fundamental. Mesmo à distância, eles continuam sendo uma fonte constante de resiliência e encorajamento. Essa ligação com suas raízes familiares também inspira Luana a incorporar valores de pertencimento e coletividade em todas as suas iniciativas.
Inicialmente se estabelecendo em Milwaukee, Wisconsin, Luana conta que sua experiência como Au Pair “foi uma fundação incrível, proporcionando exposição à cultura americana e ajudando no desenvolvimento do idioma”, conta Luana. No segundo ano, mudou-se para a Bay Area, onde reside até hoje.
Luana se envolveu profundamente no ativismo em comunidades indígenas. No City College of San Francisco, trabalhou em iniciativas sociais e acadêmicas, atuando como Student Vice Chancellor. “Minha conexão com comunidades indígenas e experiências nos cinco anos no City College resultaram em mudanças significativas, aprofundando meu entendimento sobre pertencimento e coletividade, especialmente em relação à minha vivência como uma pessoa queer e Latinx.”
A Descoberta da Astronomia e a Cosmologia Indígena
Foi em uma aula de astronomia que Luana começou a entender a ciência de forma diferente, especialmente por meio da cosmologia indígena. Ela aprendeu que o universo pode ser percebido como algo vivo e interconectado. Durante a pandemia, Luana se dedicou aos estudos online na área de astronomia, foi quando também começou a traduzir apresentações do planetário do City College para espanhol e português.
“Explorar conteúdos científicos me fez filosofar sobre o significado de espiritualidade e pertencimento. Aprender sobre a linguagem científica me ajudou a divulgar ciência no México e Brasil traduzindo o show do Planetário do City College of San Francisco durante a pandemia.”, compartilha Luana.
A partir daí, mudou o seu major de filosofia e sociologia para astrofísica, agora na San Francisco State University, onde irá se graduar com bacharel em Física com concentração em Astronomia. Em seguida, começou a trabalhar no Morrison Planetarium, na California Academy of Sciences, onde atuou por quase dois anos. Luana fez história ao se tornar a primeira brasileira a apresentar shows no planetário, interagindo com audiências de aproximadamente 300 pessoas por show, e se tornou a primeira estudante de bacharelado internacional contratada pela California Academy of Sciences.
Popularizando a Astronomia e Conectando Ciência com Cultura
Com uma abordagem acessível, Luana conta que o público do planetário sempre ficava bem à vontade para fazer perguntas sobre suas apresentações, O motivo? “Acredito que muito se deve ao fato da minha comunicação ter sido influenciada pela filosofia indígena, buscando dividir o conhecimento científico de forma inclusiva e culturalmente consciente.” Observando a necessidade de um espaço para responder dúvidas comuns de visitantes da Cal Academy of Sciences, nasceu o projeto IntersectionalCientista. Luana criou uma biblioteca de conteúdos online, através do Instagram e Facebook, incluindo vídeos que abordam perguntas sobre astronomia. Sua prática reflete uma abordagem única, incorporando elementos do butoh japonês – uma forma de dança experimental – que encontrou ao integrar sua prática de mindfulness durante sua transição para astrofísica.
Além de tornar a pesquisa científica e prática mindfulness mais acessível e levar sua abordagem a lugares inesperados, como parques, galerias de arte e até mesmo telhados de casas em São Francisco, Luana também é embaixadora do eclipse solar da NASA, participando de iniciativas de divulgação para celebrar o Ano do Sol da NASA, que começou em outubro de 2023 e se estenderá até dezembro de 2024. Essas experiências ajudaram a conectar a ciência à comunidade de forma significativa, revelando o potencial da astronomia para criar laços entre culturas.
Próximos Capítulos
Acompanhe os próximos capítulos da história de Luana e descubra mais sobre seu trabalho no IntersectionalCientista, onde você encontrará links para acompanhá-la em várias plataformas.