Olá! Meu nome é Vanessa e tenho 3 sobrenomes impossíveis de entender se não forem soletrados. Meu nome significa uma espécie de borboleta e tenho 32 anos.

Aventura me fascina, não gosto de rotina e pessoas carinhosas me atraem. Sou viciada em brigadeiro e pôr do sol, gosto de registrar detalhes que poucos enxergam.

Sou brasileira, de São Paulo. Acostumada com os arranha-céus, restaurantes badalados até 3h da manhã e grudadíssima na minha família, parecia pouco provável que eu me adaptasse a uma vida no subúrbio.

Sou dentista de formação, especialista em pediatria e prótese estética, cliniquei em São Paulo por quase 10 anos. Aquela rotina casa-clínica-estágio-hospital parecia me ocupar bastante para não pensar muito no que me incomodava: quando as asas da borboleta vão voar para sua próxima aventura?

Até  quando meu marido (noivo na época) veio com a ideia de passarmos 2 anos em Berkeley para ele fazer sua pós-graduação. Na mesma hora eu falei: olha, acho que não vai dar certo, não quero morar longe de ninguém, melhor cada um seguir seu caminho. Carinhoso do jeito que é, foi pouco a pouco me convencendo da ideia louca de nos mudarmos para Califórnia.

Casei de véu e grinalda e, logo depois que cheguei da lua de mel, mudamos aos trancos e barrancos, por livre e espontânea vontade. Cheguei em Berkeley no dia 1o de Janeiro de 2016, e naquele dia bem gelado tentamos fazer daquela pequena cidade estilosa, nosso novo lar.

Como eu não podia exercer minha profissão nos EUA, resolvi abrir minha cabeça e me inscrevi em vários cursos na UC Berkeley, um deles era de fotografia para iniciantes. Estava animada, porém com medo de não entender nada. Para minha surpresa, meu mundo se abriu e consegui unir a fotografia com o que eu mais gostava na odontologia pediátrica (estar com crianças e psicologia).

Os dois anos iniciais passaram e nossa decisão de continuar aqui foi fortalecida  com a proposta vinda do trabalho do meu marido. Logo após o curso, fui a um evento para brasileiros focado em pequenos negócios, e naquele dia a fotografia tornou-se minha nova profissão.

Eu fiquei completamente encantada em poder contar uma história com meu olhar, eternizar momentos tão únicos para toda a eternidade, e espalhar alegria e amor com meu trabalho como toda geminiana gosta de fazer! A partir do momento em que comecei a trabalhar cada vez mais, pude sentir a criatividade brotar a cada instante, a paixão pelo retrato e tudo o que significa a experiência da foto.

Estudei muito sobre psicologia por trás da foto, como contar uma história, roteiro, cenário, psicologia das cores, posições, direção, edição, e juntei com o que eu acho de mais importante: conexão!

Amor gera amor, respeito gera respeito e gentileza gera gentileza. Gosto da conexão que crio com cada família, e a partir daí, deixo o momento fluir para fotografar com carinho o que mais gosto: fotos com emoção.

Acredito que toda história é linda e deve ser contada da maneira mais genuína possível, sempre com um olhar gentil a cada pessoa.

O que eu aprendi  mudando para cá? Que além de a Califórnia ter as estações do ano lindas e bem definidas, que o chocolate quente da Ghirardelli aquece muito em dias de inverno e que o Bart na hora do rush é insuportável, aprendi que meu sotaque de brasileira significa coragem e que sonhos se tornam realidade. Nunca imaginei que como imigrante fosse começar uma carreira do zero (que eu amo do fundo do meu coração), que iria fotografar famílias de todas as nacionalidades, vivenciar momentos lindos, conhecer pessoas incríveis, ser convidada para fotografar outros países à convite de consulados e fazer fotos para a Panasonic.

Aprendi a balancear as asas que tenho em mim e as raízes que sempre gostei de ter. Quero ter asas para correr o mundo, e terra para criar raízes.

Que sejamos borboletas, e raízes também.

“to be lost is as legitimate a part of your process as being found”

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