Autor: Equipe BRAVE

  • Novas restrições para entrada de cães nos EUA: saiba o que isso significa para trazer seu animalzinho 

    Novas restrições para entrada de cães nos EUA: saiba o que isso significa para trazer seu animalzinho 

    Por Lilian B. Moss*

    Em 14 de julho de 2021, foram divulgadas novas regras com a suspensão temporária de entrada de cães nos EUA vindos de países de alto risco de raiva canina, incluindo do Brasil, pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS). Estas informações estão noAviso de Suspensão Temporária de Cães que Entram nos Estados Unidos de Países com Alto Risco de Raiva.

    Tal medida foi adotada após avaliação do CDC, na qual realizou uma comparação e identificou um aumento significativo de entrada de cães negada nos EUA vindos de países de alto risco em comparação com os últimos dois anos. Por conta da pandemia, e tendo muitas companhias aéreas reduzido suas rotas, os cães que têm a entrada negada enfrentam longos períodos de espera para serem devolvidos ao seu país de origem, levando a doenças e até mesmo à morte em alguns casos.

    O BRAVE reuniu as principais informações disponíveis até o momento para você se informar:

    Quais são os países de alto risco de raiva canina?

    Primeiramente, é importante esclarecer que o CDC informa que tal ação temporária é necessária para “garantir a saúde e segurança dos cães importados para os Estados Unidos” e, com isso, proteger a saúde pública contra a reintrodução da variante do vírus da raiva canina nos Estados Unidos. O Brasil está na lista dos países sujeitos à nova restrição.

    Para maiores informações, confira a lista completa dos países afetados pela nova restrição no site do CDC.

    Se um país não estiver na lista oficial divulgada pelo CDC, ainda assim, recomenda-se fortemente o certificado de vacina contra a raiva, mas não é considerado obrigatório para a entrada nos Estados Unidos.

    Em uma estimativa do CDC, cerca de 6% dos cães que enfrentam a situação de entrada negada nos EUA partiram dos países cujas restrições foram aplicadas no momento.

    A raiva é uma ameaça à saúde pública e é fatal não só para animais, mas para humanos também.

    Como se aplicam as novas restrições?

    As novas regras se aplicam a todos os cães, incluindo animais de serviço e de apoio emocional, que entrarem nos EUA.

    É importante ressaltar que independente se for residente legal ou cidadão dos EUA, mas caso tenha estado fora do país e esteja retornando com seu cão, ou se você estiver apenas visitando os EUA com seu cão (férias, feriado,etc.), você precisará necessariamente seguir as novas regras.

    O que muda?

    Os cães partindo de países de alto risco só podem entrar nos EUA com a aprovação prévia por escrito do CDC (Autorização de Importação de Cachorro do CDC). Em casos de os cães vierem de um país que não é considerado de alto risco, também serão avaliados caso os cães tenham estado em um país de alto risco durante os 6 meses anteriores. A avaliação, e consequente aprovação, será concedida de forma limitada, caso a caso, a critério do CDC. 

    Se o pedido de aprovação prévia para entrada de um cão for negado, a negação por escrito do CDC constituirá a ação final e nenhum recurso será permitido. Os cães que chegam de países de alto risco sem a aprovação prévia por escrito do CDC terão a entrada negada e devolvidos ao país de origem às custas do importador.

    É importante ressaltar que as solicitações não podem ser feitas na chegada aos Estados Unidos. A solicitação deve ser feita com pelo menos 30 dias úteis (6 semanas) antes da sua intenção de entrar nos Estados Unidos.

    Como funcionará o processo?

    São duas fases de transição em períodos e regras diferentes para que o processo ocorra:

    A primeira transição ocorrerá entre 14 de julho a 14 Outubro de 2021, e nestes primeiros 90 dias, cães que vieram de países de alto risco para raiva canina, incluindo o Brasil, segundo o CDC só podem entrar nos Estados Unidos em um destes 18 aeroportos: Anchorage, Atlanta, Boston, Chicago (ORD), Dallas (DFW), Detroit , Honolulu, Houston (IAH), Los Angeles, Miami, Minneapolis, Nova York (JFK), Newark, Filadélfia, São Francisco, San Juan, Seattle e Washington, DC (Dulles).

    A segunda transição será após 14 de Outubro de 2021, provenientes de países com alto índice de raiva canina, na qual o Brasil se encaixa, e que tenham licença de importação aprovada pelo CDC para entrada nos Estados Unidos, somente poderão entrar nos portos de entrada aprovados.

    A regra para cães que não estiverem em país de alto risco nos 6 meses anteriores, não são obrigados pelo CDC a apresentar nenhum outro documento ou o certificado de vacinação anti-rábica, mas é recomendado que a vacinação seja feita e demais vacinas estejam em dia.

    Para maiores esclarecimentos direto com o CDC você poder obter através do website: https://wwwn.cdc.gov/DCS/ContactUs/Form

     

    *Lilian B. Moss é uma colaboradora voluntária do BRAVE.

  • O que muda com o fim das restrições na Califórnia?

    O que muda com o fim das restrições na Califórnia?

     

    A Califórnia foi um dos primeiros estados do país a fechar em Março de 2020 e, agora, é um dos últimos a reabrir. Como nem todo estado segue exatamente as recomendações federais, preparamos algumas informações para te guiar nessa transição. 

    A partir desta terça-feira (15 de junho), não haverá mais restrições de lotação, capacidade ou necessidade de distanciamento físico em estabelecimentos comerciais, restaurantes, bares e outros.

    Para pessoas vacinadas, o uso da máscara é liberado na maior parte das situações, em lugares abertos ou fechados. O uso de máscaras será mantido nos seguintes casos:

    • Transporte público (exemplos: aviões, navios, balsas, trens, metrôs, ônibus, táxis e caronas) e em centros de transporte (exemplos: aeroporto, terminal de ônibus, marina, estação ferroviária, porto marítimo ou outro porto, estação de metrô ou qualquer outra área que ofereça transporte).

     

    • Em escolas K-12, creches e outros ambientes para crianças que são fechados. Nota: Isso pode mudar conforme a orientação das escolas K-12 do CDC.

     

    • Estabelecimentos de saúde, incluindo hospitais, instalações de cuidados de longo prazo, etc.

     

    • Prisões, instalações correcionais e centros de detenção estaduais e locais [6].

     

    • Abrigos para moradores de rua e abrigos de emergência.

    As máscaras são necessárias para indivíduos não vacinados em ambientes públicos internos e empresas (exemplos: varejo, restaurantes, teatros, centros de entretenimento familiar, reuniões, escritórios do governo estadual e local que atendem ao público).

    Veja a lista completa de recomendações sobre o uso de máscara do CDC. 

    Mesmo que o CDC tenha retirado a obrigatoriedade do uso da máscara em algumas situações, negócios privados ainda podem exigir o uso de máscara e/ou prova de vacinação. Além disso, o governador Gavin Newsom anunciou que, apesar da abertura, a Califórnia permanece em estado de emergência, o que possibilita a re-implantação de medidas se necessário.

    Ainda há algumas incertezas com relação ao uso de máscaras por funcionários dentro de escritórios, mas de acordo com o governador Newsom, funcionários vacinados poderão deixar de usar a máscara possivelmente a partir de quinta-feira (17)!

    Acompanhe as vacinações na Califórnia aqui.

    Por fim, esperemos que curtam da melhor maneira que desejarem a reabertura da Califórnia, mas lembrem-se de que a pandemia ainda não acabou completamente e alguns cuidados ainda são necessários. 

    Um ótimo verão a todas!

    Observação: as regras e informações contidas neste post estão sujeitas a mudanças a qualquer momento e sem aviso prévio. Para ter as informações mais atualizadas, consulte sites como

    NBC Bay Area News

    KQED

    San Francisco Chronicle

    Fontes:  NY Times, site do CDC, CNN Healthy

  • As montanhas invisíveis da imigrante brasileira

    As montanhas invisíveis da imigrante brasileira

    Por Bruna Meneses*

    Como imigrante brasileira, que experimenta as barreiras e os desafios diários de viver no exterior, fui tocada por esta realidade por muitas outras mulheres imigrantes brasileiras que também vivenciam essa experiência. 

    Como psicóloga, não tem sido diferente no meu campo de trabalho. Atualmente, atendo a distância brasileiras por toda parte do mundo e tenho notado que, apesar da diversidade de países, os obstáculos enfrentados por cada uma longe de casa são semelhantes. Similaridades presentes nas narrativas de cansaço e sofrimentos existenciais provocados pela exposição a ambientes culturalmente diferentes. Lugares em que a trajetória imigratória exige reinvenção pessoal e profissional. Um processo de ajustamento angustiante para diversas mulheres.   

    Certo dia, escutei de uma cliente: “vida de viajante é muito diferente da vida de imigrante”. Enquanto ela falava, despretensiosamente o seu olhar desviava-se para baixo. Confesso que ainda carrego comigo aquela expressão seguida de uma longa pausa silenciosa.  

    Imigrar envolve silêncios. É não saber o que dizer, o que fazer, nem por onde começar. É ser como uma montanha, impossibilitada de mover-se, pelo acúmulo de tudo aquilo que não é dito, apenas vivenciado diariamente. O medo, a exclusão, a solidão, as frustrações e principalmente as dificuldades com o idioma local. Não dominar a língua tem um peso considerável nesta construção de uma “montanha interna”, uma vez que, além de limitar a comunicação, gerando um convívio social não saudável, inviabiliza oportunidades. Deste modo, o mundo à volta também se torna-se imóvel — como uma montanha — repleta de imposições que parecem afastar a imigrante do pertencimento. Uma “montanha” estrangeira, onde o esforço necessário para lutar e conquistar seu espaço distante de casa é duplamente maior do que o de alguém que nasceu ali.  

    Escolher imigrar é deixar uma parte significativa da própria existência, renunciando sua casa, posição social e relações interpessoais. Abdicar é o gatilho inicial do sentimento de culpa, pois começar do zero é um caminho extremamente árduo e cercado de inquietações. Neste caminhar, é comum o surgimento de conflitos existenciais em razão da idealização inicial que se opõe à realidade vivida: “como eu gostaria que fosse” versus “o que o meio exige de mim”. 

    “Como eu gostaria que fosse” é quando a vida idealizada para esta nova morada não é concretizada por inúmeras razões. A principal delas é a forma de lidar com as frustrações, em não conseguir corresponder às exigências daquele meio social. A frustração, por sua vez, é uma das sensações evidenciadas neste campo das realizações pessoais por conta das projeções daquilo que, provisoriamente, não é possível ser nem alcançar. Prevalecendo o desejo de ser quem verdadeiramente é, ao invés de apenas exercer papéis e funções que lhe são permitidos. Em paralelo a isso, “o que o meio exige de mim” é quando uma autoimagem é criada numa tentativa de se encaixar em um padrão que este novo cenário demanda. Um padrão que muitas vezes requer anulação das próprias raízes, isto é, intensificando o choque cultural. Neste campo das exigências do ambiente, há também demasiadas expectativas sobre quem migrou construídas por pessoas que não vivenciaram esta experiência. 

    Em muitos casos, o meio vai atribuir a imigrante o dever de amparar, além das próprias responsabilidades para sua sobrevivência, a carga emocional, financeira e responsabilidades de familiares que ficaram em seus países de origem. Um lugar de amparo constante que a impede de expor suas fragilidades e de ser acolhida por pessoas do seu círculo afetivo.                                  

    É interessante que, às vezes, parece que morar no exterior é estar isento de experimentar tristeza, medo e raiva, sendo estas emoções inerentes ao ser humano. Este é um ponto que me remete à lembrança da entonação de voz de outra cliente, que por meio de uma fala retraída expressava o quanto era difícil se comunicar com os amigos no Brasil, pois em seus diálogos era necessário ressaltar frequentemente que estava tudo bem, caso contrário, ouviria: “ah, mas você está em Paris, seja mais positiva”. Paradoxalmente, pode soar ingratidão não transparecer felicidade ao externalizar uma vivência pessoal em um lugar que não é casa, tampouco lar. Lidar com as visões ilusórias e expectativas dos outros sobre uma realidade com a qual não estão familiarizados, pode intensificar as angústias existentes neste percurso longe de casa. Ainda sob o olhar do outro, a ingratidão pode ser considerada fracasso, uma vez que a imigrante decida regressar ao seu lugar de origem. Uma decisão que lhe exige coragem frente ao emaranhado de incertezas e julgamentos.   

    Não regressar, apesar de tudo, é um ato igualmente corajoso, principalmente quando a solidão é um dos maiores desafios. Encarar cotidianamente a solidão sem se perder de si mesma é ser inundada todos os dias pela mesma onda, e ainda assim, não se afogar.

    Infelizmente, o casulo solitário existe na vida de muitas brasileiras imigrantes. A sensação de ser esquecida ou notar o enfraquecimento dos vínculos afetivos construídos ao longo da vida é tão esmagadora quanto a dificuldade de construir novos vínculos em um país diferente.

    Diante disso, quero enfatizar a importância da construção de uma rede de apoio para aquelas que pensam em emigrar ou já migraram. Independentemente do país escolhido, é importante saber a quem recorrer em uma situação de emergência, uma vez que esse suporte pode representar cuidado e segurança. Essa rede de apoio pode ser composta por membros da família, um parente distante, amigos, ou até mesmo organizações e plataformas tanto físicas quanto online — como por exemplo o BRAVE — que pode acolher e ajudar a lidar com algumas necessidades específicas. Fechar-se em um casulo solitário e tentar atravessar por conta própria os conflitos internos e externos longe de casa pode te colocar em situações de vulnerabilidade e até de perigo. Portanto, é muito importante gerar conexões e laços, sempre que possível. 

    É importante fazer networking, construir pontes com bases sólidas, buscar ajuda de um profissional da área de psicologia, e sobretudo, evitar escalar essas montanhas sozinhas.  

    *Sobre a Autora: Bruna Meneses, Graduada em Psicologia pela Universidade Salvador, Gestalt-Terapeuta, Psicóloga online. Atualmente, reside em Nova York e trabalha com o público feminino focado em brasileiras imigrantes. Voluntária em plataformas online de grupo de apoio à imigrantes brasileiras e também atua em seu projeto social atendendo demandas psicossociais de brasileiras pelo mundo.